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8 DICEMBRE

PE. JÚLIO SIEF

 

1897 - 1971 = 74

Nasceu em Varena (Trento) 07.07.1897

Entrou em Gemona 17.10.1909

Ordenado em Roma 10.07.1921

Chegou ao Brasil 19.03.1923

Morreu em Verona 08.12.1971

Anos de vida religiosa 55

 

Nasceu em Varena (Trento) no dia 17 de julho de 1897 e entrou como aspirante em Gemona, no dia 17 de outubro de 1909. Noviço a 02 de agosto de 1914, professo perpétuo a 2 de agosto de 1918, sacerdote a 10 de julho de 1921 em Roma, onde estavam nossos estudantes logo após a primeira guerra mundial.

Após um breve período de ministério em Roma e Verona, em 1923 foi mandado para o Brasil, onde permaneceu 10 anos. No Brasil esteve nas casas de Rio Claro, Campinas, Castro, São Caetano, Ituiutaba, exercendo seu ministério com admirável espírito de sacrifício.

Tendo-se manifestado uns sinais de não perfeito equilíbrio de espírito que impedia de exercer convenientemente o ministério pastoral, em 1933 voltou para a Itália e esteve sucessivamente nas comunidades de Gemona, Affi, S. Cruz em Roma, Cadellara e finalmente - desde 1958 - na casa de formação de S. Leonardo, em Verona. Aquí morreu, improvisamente, nas primeiras horas do dia 08 de dezembro de 1971, provavelmente de uma embolia cerebral.

Pe. Júlio era dotado de índole calma, dócil, paciente, que muito o ajudou a suportar as tribulações de sua doença. Era muito disponível, acolhedor, disposto a atender qualquer chamado e oferecer-se em qualquer necessidade. Rezava muito. Passava muito tempo na capela rezando o Ofício e outras práticas de piedade. Na pobreza, na obediéncia, na vida comum, comportava-se com exatidão e fidelidade: com o espiríto dos nossos antigos.

Sua vida foi profundamente marcada por um desequilíbrio de espírito. Atravessava períodos de euforia, de palavras e ações, que muito o entrosavam com os confrades. A estes períodos sucediam outros de invejável serenidade, durante os quais recolhia-se no

silêncio e na oracão, que interrompia unicamente por motivo de conveniência, de caridade e pelo desejo de trabalhar.

Esta situação não permitiu que ele pudesse exercer com toda sua capacidade, de forma contínua, qualquer tipo de ministério.

Sempre atendeu confissões. Em S. Pedro di Lavagno, onde por muitos anos foi confessor, o povo o chamava de "o vagão da misericórdia de Deus." Muitos recorriam a ele admirando-se de sua paciência e bondade inalteráveis.

Na casa de S. Leonardo, Pe. Júlio é lembrado sobretudo por sua desvelada caridade para com os confrades doentes e anciãos. Considerava seu privilégio assisti-los, servi-los, fazer-lhes companhia mesmo por dias inteiros, com delicadeza quase maternal, se bem que (involuntariamente) nem sempre muito discreta. (52)

Em 1930, em Rio Claro, por motivo de negócios e outros assuntos, o Sr. Domingos Carrara, havia chegado a um ponto, em que, segundo ele, só o suicídio resolveria. Encontrou-se com o Pe. Júlio, bateram um papo, trocaram idéias e discutiram muito o assunto. Mais animado, mas ainda não decidido a viver, despediram-se. À saída Pe. Júlio Ihe disse: - "Vá amanhá a matriz. É dia de Corpus Christi e quem vai levar o Santíssimo sou eu". Depois de urna noite de insônia e de meditação no que ouvira, "seu" Domingos, à tarde, postou-se à porta da igreja. A consciência continuava funcionando. De repente, todos começam a se ajoelhar, e ele também. Pe. Júlio está saindo com o Santíssimo, olha para ele, dá-lhe uma piscadinha de malandro e continua com toda a seriedade. "Seu" Domingos levantou-se, voltou para casa, e quase trinta anos depois, ainda perguntava como ia o Pe. Júlio.

"Com o afastamento do Pe. João Lona, ficou na qualidade que antes era de Coadjutor, administrando a paróquia (Castro) o Pe. Júlio Sief, da mesma Congregação. Com a notícia da morte do seu querido companheiro acentuou-se-lhe a enfermidade mental que, em julho de 1933, o levou ao Asilo de Nossa Senhora da Luz, em Curitiba onde se acha até a presente data: 20-06-1933". (53)

Tendo Pe. Lona ido para a Itália em 1932, Pe. Júlio ficou em Castro com Ir. Roberto. Fez a semana santa sozinho com pregações, cerimônias, confissões, etc. Terminado tudo veio a conseqüência: cansaço e desequílibrio.

Pe. Fortunato Morelli, que fazia parte do Conseiho Regional, foi enviado para resolver o problema. Pe Júlio o recebeu com alegria. Convidado para fazer urna visita aos Passionistas de Curitiba aceitou

a proposta. Foram de carro acompanhados por Ir. Roberto e um anspeçada da cidade. Chegaram a noite e foram para um hotel. Quando amanheceu perceberam que Pe. Júlio havia fugido. Telefonaram para os Passionistas e lá estava ele. Após a missa, convidaram-no para visitar umas Irmãs que ficavam lá para o lado da Luz. Era um Hospício. Começaram a visita. Entra aqui, entra ali, sai por lá, até que numa sala foi seguro pelos enfermeiros. Após urna medicação de banhos frios, etc. ficou lá internado.

À tarde, antes de partir, foram despedir-se dele e Pe. Fortunato pergunta-lhe se queria alguma coisa. Amuado, num canto: - Vai, não quero nada, vai, vai!

Na primavera passada celebrou-se em S. Leonardo uma festinha pela passagem do 50° aniversário de sacerdócio do Pe. Júlio... Pareceu-me urna ocasião oportuna para mostrar ao Pe. Júlio, não só a nossa piedosa gratidão por todo o bem que fez e pelos bons exemplos dados nesses anos, mas para prestar urna justa homenagem ao seu longo ministério desenvolvido no Brasil e na Itália, quando a saúde o permitia. Lembro-me da sua comoção quando Ihe contei de haver conhecido, no Brasil, durante minha viagem,

várias familias que não só o conheceram, mas que ainda conservavam dele urna lembrança viva e carinhosa.

Os últimos anos de sua vida foram entrelaçados de orações, dedicação, de assistência a todos os Confrades mais doentes que ele, e em toda forma de serviço que pudesse torná-lo útil à comunidade. Urna instancávei vigilância e presença à cabeceira de cada enfermo, uma invejável disponibilidade a qualquer convite, foram as características que, não obstante sua penosa enfermidade, o manteve até os últimos dias. (54)

"Um bom soldado de Cristo".

"Padre bom era Pe. Júlio! Ainda que mal comparado, Pe. Júlio nos despertava a imagem desses animais de carga, corpulentos mas mansos, que se submetem a qualquer carga pesada e se deixam guiar docilmente por qualquer pessoa, sem recalcitrar em atitudes de protesto.

Pelo breve contato que tive com esse padre singular, pouco me resta para analisá-lo devidamente. Mas ainda que fugaz, esse contato foi o suficiente para ter dele as mais saudáveis e edificantes impressões, tanto em mim como nos colegas meus que tiveram igual sorte de o conhecerem, lá no vetusto Colégio de Rio Claro de São Paulo.

De porte agigantado e volumoso, tinha pouco de gigante na maneira

de tratar os seus semelhantes. Era acolhedor, de falar pausado e brando, em geral compenetrado. Era também prestativo e cordial. Sua simplicidade e presteza em atender aos chamados de seus superiores causava admiração em todos nós e Ihe garantiram de Deus graças abundantes, que Ihe permitiram realizar um trabalho precioso como conselheiro de almas.

Ria com gosto, quando em íntimas conversações falava de suas peripécias. Não se prestava a críticas descaridosas e comentários sobre a vida de outrem. No confessionário, que era seu campo de trabalho ministerial de predileção, era apreciado como abalisado orientador, paternal e compreensivo.

Esse sacerdote era também filho da lendária Italia, tão decantada, onde se formou sacerdote, vindo às terras brasileiras para realizar-se como religioso dedicado, humilde e serviçal. Sua vida não apresenta proezas fora do comum, mas era persistente em suas atividades. Bom religioso, no sentido mais lidimo, jamais Ihe passou pela cabeça qualquer tentativa de indisciplina contra determinações de ordem superior.

Não ocupou cargos de comando, devido à sua proverbial humildade. Vindo a Ituiutaba em 1935, como integrante da primeira "troupe" de estigmatinos, também não se projetou por grandes iniciativas, mas foi sempre pontual em suas funções de vigário-cooperador. IncansáveI no desempenho de suas tarefas, enfrentava, audaz, qualquer tipo de ministério.

Não sendo um monumento de saúde (nunca, porém, manifestou queixas e menos ainda pretensões de tratamentos especiais), seu organismo avantajado cedeu a urna forte depressão física, que Ihe afetou também o psíquico. Devido a essa condição precária de saúde teve que ser transferido para outra residência em São Paulo e mais tarde retornou à terra nativa, onde terminou seus dias em Verona, a 8 de dezembro de 1971.

Nos últimos anos que passou no Brasil, acentuou-se nele a depressão psíquica, que se revelava nos gestos que traduziam como infantilismo, expandindo-se por vezes em atitudes pueris. Disto me resta a lembrança de um episódio que refletia essa diminuição da faculdade mental do padre. Foi no ano em que eu com outros companheiros nos encontrávamos em Rio Claro, fazendo o ano de provação chamado "noviciado". Uma tarde em que recitávamos, em coro, o Ofício de Nossa Senhora, lá também estava Pe. Júlio recitando o breviário na nave da velha matriz de Santa Cruz. Como rezávamos

en voz alta, ele também se pôs a recitar as orações elevando gradativamente sua voz para encobrir a nossa e, à medida que nós elevávamos o tom, ele também rezava mais alto, resultando uma harmonia dissonante.

Ao retornar à sua pátria, porém, não cessou de trabalhar no ministério, enquanto Ihe possibilitaram as forças físicas e mentais, prestando auxilio aos vigários, sempre no atendimento às confissões, que era o setor em que mais se revelou sua paternal bondade e compreensão. Tal modo de agir lhe conquistou a alcunha de "vagão da misericórdia".

O contributo desse santo sacerdote para a população tijucana se revelou no zelo pelo ministério paroquial e no exemplo que a todos deixou de humildade, desapego de qualquer vaidade e seu intenso e profundo amor à sua missão sacerdotal, manifestando também um grande amor no atendimento aos doentes, a formação catequética das crianças de nossa cidade, seja na matriz de São José, como também na igreja da Abadia.

Pouco tempo permaneceu aqui, e hoje talvez não sobreviva em mais ninguém a lembrança do saudoso padre bom e cortês em loda linha.

É uma figura apagada, no sentido de projeção social ou prestígio humano, mas ele doou, enquanto aqui esteve, seu calor apostólico e derramou seu suor fecundante e dispendeu suas energias para a promoção cristã da sociedade ituiutabana. Isso lhe concede o direito a urna memória especial à gratidão de todos.

Certamente se uma nota o distingue como missionário da verdade e do bem é seu apego e amor à Santa Igreja, que serviu até a imolação de si mesmo.

Neste cinqüentenário estigmatino de Ituiutaba, é bom recordar o exemplo de Pe. Júlio e reconhecê-lo como um benemérito, digno de nossa admiração e de nosso amor cristão." (55)