Ir. PEDRO BIANCONI
1912 - 1972 = 60
Nasceu em Rio Claro 29-06-1912
Entrou em Rio Claro 18-01-1932
Fez a profissão Perpétua 15-09-1939
Morreu em Campinas 22-08-1972
Anos de vida religiosa 39
Nasceu a 29 de junho de 1912, na Fazenda Santa Gertrudes, não muito distante de Rio Claro de Domingos e Dionísia. Entrou para a Congregação na casa de formação de Rio Claro, no dia 18 de janeiro de 1932, com vinte anos de idade. Sempre em Rio Claro, passou o tempo de postulado e noviciado, e fez a primeira profissão no dia 15 de setembro de 1935 e a perpétua no dia 15 de setembro de 1939.
Antes de entrar na Congregação frequentava a Congregação Mariana de Santa Cruz, e com a idade passou de congregado a dirigente. Preparou-se com muito sacrifício para ser catequista e com entusiasmo juvenil ia - a pé ou de bicicleta - às capelas rurais de Rio Claro, para ensinar catecismo aos jovens e adultos.
Conta-se que a mãe, cristã fervorosa, ficando viúva com sete filhos, o acordava bem cedo para que a acompanhasse à Missa, antes de ir à escola. Nos dias de chuva, o pequeno Pedro quando fechava o guarda-chuva, fechava bem a boca, para que não entrasse nenhuma gota dágua e o impedisse de receber a comunhão. Primeira manifestação infantil da devoção e do amor para com a Eucaristia, que seria uma característica de sua vida de religioso.
Começou cedo a trabalhar para ajudar a família, e se empregou numa sapataria, sem deixar de ser mariano e catequista.
Aos vinte anos ouviu o chamado de Deus e entrou par a nossa Congregação a fim de se tornar Irmão Coadjutor.
Naqueles primeiros tempos, quando o trabalho era grande e o número de Irmãos menor do que agora, ele, com alegria e dedicação, fazia de tudo. Foi sacristão, catequista, cozinheiro, porteiro, sapateiro, administrador da Fazenda Santana. Adatou-se com simplicidade à freqüente mudança de casas - quase todos os anos, no início - sempre sereno, calmo, sorridente.
Foi dos primeiros filhos do Bertoni no Brasil. Amou intensamente a Congregação e gostava de falar dos exemplos e das lições dos primeiros estigmatinos, que ele conhecera e com os quais vivera sua juventude. Trabalhou multo em Rio Claro, Casa Branca, Ituiutaba e Campinas. Em Casa Branca foi o primeiro superior da comunidade de formação (1965) de Irmãos Coadjutores, que naquela época tinha quase quarenta aspirantes. Sua discrição, seu esforço, sua dedicação são ainda lembrados por aqueles que o tiveram como educador.
Em Ituiutaba, além dos trabalhos internos, conseguiu exercer um apostolado direto, com operários, estudantes externos que vinham à nossa escola, com o catecismo
em numerosas capelas rurais daquela grande paróquia.
Era de caráter delicado; seu tratamento era afável, respeitoso, capaz de atrair imediatamente a confiança e a simpatia. Sua palavra calma, suave atingia profundamente e transmitia conforto e segurança.
Tudo isto era não só dom natural, mas efeito da sua profunda vida espiritual.
Amava a oração. Fidelissimo à oração comunitária, prolongava a oração simples,
espontânea, cheia de fé, como tinha aprendido com a mãe e no inicio de sua formação.
Nos últimos anos, já maduro e sofredor, viveu em Campinas, na Chácara do Vovô. Tinha sido investido como Ministro Extraordinário da Eucaristia. E não obstante o grande esforço, por causa da sua saúde abalada, visitava muita gente, especialmente velhos e doentes, e além do conforto da sua palavra, levava-lhes o Pão Eucarístico. (No bairro onde trabalhou ultimamente, Jardim Pacaembu, há uma rua com o seu nome).
A morte chegou repentina, mas não inesperada, no dia 22 de agosto de 1972.
Ao seu funeral, oficiado por 13 confrades concelebrantes, participou grande multidão de gente comovida. Ouvia-se expressões como estas: "Obrigado, Ir. Pedro, o senhor salvou meu filho transviado; ... o senhor trouxe paz para minha família; ... o senhor converteu meu pai; ... o senhor encaminhou meu filho para o sacerdócio, para a
vida religiosa ..." Este foi o grande epitáfio do Ir. Pedro Bianconi. (56)
Muito raramente encontrava-se Ir. Pedro triste ou de cara fechada. Mesmo quando já meio adoentado, na Chácara do Vovô, sua gargalhada continuava bastante forte e o seu sorriso sempre aberto.
Tendo sangue tipo universal, Ir. Pedro freqüentemente estava nos hospitais
fazendo doação para muitos necessitados. E isto até que a idade Ihe permitiu.
"Um apóstolo de Nossa Senhora.
Quem passasse pela capelinha do bairro Pacaembu de Campinas, SP, no dia 22 de agosto de 1972, presenciaria uma reprodução da cena evangélica narrada no livro dos Atos dos Apóstolos (At 9, 34-46), em que o escritor sacro descreve as lamentações de pobres viúvas que se lastimavam por terem perdido o principal arrimo de sua pobreza, Tabitá, que morrera. Naquele bairro pobre, era velado o corpo de Irmão Pedro Bianconi, que se dedicara alguns anos, com amor e zelo, em minorar a condição de pobreza dos moradores do lugar. O dia todo, enquanto durou o velório do bom Irmão, desfilou aquela gente simples, chorando e soltando queixas doridas: "Quem vai nos amparar agora? Perdemos nosso grande benfeitor!" E com essas e outras expressões repassadas de tristeza, que ecoavam a todo momento, os pobres lamentavam a perda do benfeitor.
Foi esse Irmão que doou também boa parcela de sua vida em prol de Ituiutaba, onde esteve por duas vezes sucessivas, a segunda vez mais prolongadamente, de 1956 a 1966.
Filho de italianos de tradição católica, nasceu em Rio Claro, SP e, nessa mesma cidade cresceu sempre afeiçoado a sua igreja. Ainda adolescente, filiou-se a Congregação Mariana da igreja Santa Cruz, onde se expandiu em toda religiosidade e zelo apostólico. Era fervoroso e assíduo aos atos de culto e colaborava nas tarefas paroquiais, dando catecismo às crianças do bairro, juntamente com outros congregados, também excelentes cristãos. Em contato constante com os seminaristas do Colegio Santa Cruz, onde era considerado de casa, foi tomando gosto pela vida consagrada e sentiu dentro de si que era chamado por Deus, e o era de fato, corno em seguida demonstrou até o fim.
Fez o pedido para ser admitido na condição de Irmão Coadjutor, por não se julgar apto para a carreira dos estudos.
Exuberante de vida e corpulência, era igualmente uma criatura feliz e alegre. Na sua simplicidade e, embora um tanto fraco na ciência dos homens, era, no entanto imbatível na ciência do espírito. Com sua piedade profunda e despida de singulandades, corre parelha a alegria transbordante que nunca o deixava. Era cristão mesmo!
Virtudes predominantes em sua vida foram: além do fervor religioso, humildade sentida caridade ardente e simplicidade evangélica. Nos misteres caseiros foi incansavel, incumbindo-se das mais variadas ocupações, desempenhando até a função de administrador da propriedade rural da Congregação, em Sant’Ana de Itapé, em Rio Claro.
Foi um dos fundadores da casa estigmatina de Abadia em Uberaba, MG, justamente 50 anos atrás, juntamente com Pe. Albino Sella e Pe. João Batista Consolaro, onde desenvolveu suas aptidões de ótimo sacristão e zeloso arrumador da casa.
Tipo sangüíneo, com freqüência se prontificava a doar do seu sangue em ajuda de doentes que necessitassem, como o demonstrou numerosas vezes também em Ituiutaba.
O pormenor, porém, que mais identifica esse Irmão foi, como todos Ihe reconhecem a dedicação pelo ideal mariano, como um transbordamento da devoção profunda a Maria Santissima. Tal devoção era nele deveras sentida e contagiante, devotando-se todo inteiro em propagá-la, incitando a todos para que ingressassem nas fileiras marianas.
Aqui em Ituiutaba deixou marcas profundas, nesse setor de atividade apostólica. A Congregação Mariana sob a sua atuação, atingiu o apogeu, quer quanto ao número de membros como pelo fervor dos mesmos. Foi e continua sendo muito decantada essa paixào do fervoroso Irmão. Pelos marianos fazia tudo e não poupava tempo nem sacrifícios com o fim de tornar cada vez mais amplo e abrangedor movimento tão benemérito. Eram reuniões freqüentes, excursões, trabalhos de palco, retiros esporte e mil outras iniciativas para entusiasmar e formar os jovens congregados na devoção a Nossa Senhora.
Pode-se considerá-lo como pioneiro do esporte de futebol de salão em nossa cidade, construindo, com ajuda de seus moços, a quadra de esportes, que até o presente resiste, quase tal como ele a fez. Em
tudo visava proporcionar motivos que conservassem nos marianos a união e a alegria, e como um meio de incentivá-los na devoção a Maria. Muitos passaram pela Congregação, na temporada de Irmão Pedro, em Ituiutaba, e disso conservam saudável lembrança e saudade, beneficamente contagiados pelo acendrado amor do Irmão por Nossa Senhora. Nunca perdeu ensejo de demonstrar seu pendor mariano, nem de aconselhar e orientar outros a fazê-lo.
Não é um, nem são poucos os que se recordam, com gratidão, dos bons tempos em que viveram dentro da Congregação, e tiveram presente o exemplo de fé operosa de Irmão Pedro, dando graças a Deus por tal benefício. Essa atividade não se confinava só à sede da Paróquia; Gurinhatã também Ihe experimentou o zelo, pois ali também conseguiu ele entusiasmar a população, organizando um florescente núcleo de Congregados. E foi com a ajuda deles que o bom e dedicado missionário de Maria levantou a casa onde atualmente se instala a Casa Paroquial. Projetava ainda um salão para seus marianos, mas só conseguiu encaminhà-lo até os alicerces.
O que mais conta da vida desse Irmão, todavia, não são as suas realizações de ordem material, e, sim, o que transmitiu, ele que era mal-e-mal alfabetizado: o conhecimento das verdades da Fé e o amor pela vida virtuosa. Fez bons cristãos, ajudou na construção de lares religiosos e deixou, sobretudo. a lição de seu exemplo da autêntico apóstolo de Maria Santíssima.
Receba, Irmão Pedro, a nossa perene gratidão e a todos os ituiutabanos de Fé convicta, beneficiados que foram por tua ação e exemplo". (57)