Pe. João Avi (sacerdote)
NATO:
ENTRATO:
ORDINAZIONE SACERDOTALE:
MORTO:
ETÀ: 60 anni
Nasceu em Baselga di Pinè (Trento) no dia 11 de dezembro de 1913, de Francisco e Oliva. Entrou como aspirante em nossa Escola Apostòlica de Verona no dia 25 de agosto de 1925, onde completou os estudos ginasiais e colegiais.
Passou o ano de Noviciado (1931-1932) em Gemona e fez a profissão temporária em Verona no dia 09-09-1932 e a perpétua em 09 de setembro de 1935. Naquele ano, atendendo o convite dos Superiores, ofereceu-se para vir ao Brasil, junto com outros estudantes professos, para preparar-se melhor, no lugar, ao futuro ministério neste país.
Freqüentou o curso de teologia em Rio Claro e Ribeirão Preto, onde foi ordenado sacerdote a 15 de agosto de 1939.
Passou os primeiros anos de sacerdócio entre Campinas, Casa Branca e Morrinhos, até que, de 1944 a 1950, ficou em Ituiutaba como diretor e vigário. Depois de um breve paréntesis (1950-52) em São Caetano, voltou de novo a Ituiutaba como vigário, onde permaneceu até 1965. Foi o lugar onde ficou mais tempo (quase 20 anos) e onde pôde desenvolver seu zelo apostolico e seus dotes de realizador, sendo estimado e querido por todos. Mesmo quando estava longe, recordava sempre de sua paróquia, de modo concreto, ajudando-a na construção do Hospital. De seu lado, os fiéis de Ituiutaba jamais esquecerão seu pastor, conservando a imagem de um sacerdote evangélico.
Tinha um caráter sereno, social, fundamentalmente otimista. Dedicava-se a todos com simplicidade e naturalidade e participava das alegrias e tristezas dos outros com muita espontaneidade. Aproximava-se dos doentes e dos abandonados, com espírito aberto, tratando-os com respeito e afabilidade.
Foi sempre fiel ao sacerdócio e aos deveres da vida religiosa que alimentava com a oração e a meditação perseverantes. Em 1965 foi para Campinas, como vigário de São Benedito, igreja contigua a Cúria Provincial. Em 1969, indo visitar a familia, que ha muitos anos emigrara para os Estados Unidos, na Califórnia, encontrou a mãe muito doente e necessitada de assiténcia mais moral que fisica. Pediu e conseguiu permanecer junto dela até a morte que sobreveio alguns meses depois. Indo à Itália, onde ainda tinha alguns parentes, amadureceu a idéia de pedir sua transferência para a Província dos Santos Esposos, lugar onde estava sepultada sua mãe e onde estavam quase todos seus entes queridos.
Conseguida a licença em 1970, colocou-se totalmente a disposicão dos novos superiores, com grande disponibilidade.
Inicialmente esteve em Los Angeles, junto dos Padres Escalabrinianos, onde deu especial atendimento aos doentes e àqueles que falavam castelhano. Enquanto isso aperfeiçoava-se na lingua inglesa e se preparava para se unir aos confrades.
Em 1972 foi enviado para substituir algum confrade ocupado no Canada. Por algum tempo cuidou espiritualmente dos emigrantes de lingua portuguesa, que se encontram na região de Sault St. Marie.
Em agosto de 1972 foi mandado para Timmins, como coadjutor daquela paróquia.
Onde passava, levava seu entusiasmo sereno, empenhando-se a fundo, embora não fosse mais um jovem.
As últimas impressões deixadas nos confrades foram a de um religioso sempre pronto a ir a qualquer lugar, disposto sempre a comecar com muita disposicão. Verdadeiro filho do Bertoni, missionário apostólico em auxilio dos Bispos, no caminho da obediência, consciente do próprio dom.
No dia 10/01/1974 teve um’primeiro ataque cardiaco, e no dia seguinte um outro. Levado ao hospital, falecia logo depois, confortado com os sacramentos da Igreja e com a presenca dos confrades. Tinha pouco mais de 60 anos.
Quando ecónomo em Morrinhos (ainda inexperiente), gostava de economizar a seu modo. Quando descobria que alguma coisa custava um cruzeiro a menos, gastava dez a mais para ir ate là e comprá-la. Levou um administrador para a Fazenda "Pipoca" (Lúcio Cally) e fez um contrato com ele pagando-lhe 800 cruzeiros. A Pipoca não produzia nada, a não ser uns pés de banana. E o contrato foi assim: "O ordenado é 800 cruzeiros, mas banana, não!"
Ainda bem que mais tarde sua "visão econômica" mudou.
"A mãe natureza foi tão madrasta com este sacerdote, na ordem fisica, quão pródiga, na ordem do espírito.
De estatura meã, rosto quase redondo com acentuadas entradas laterais na testa, configuração facial desgraciosa, tendo dificuldades de pronúncia, devido à deficiência dos órgãos da fala (língua e boca) que tornavam desagradável sua pronúncia, mesmo em seu idioma nativo, e muito imperfeitamente no português. Trêfego seu tanto, metódico em tudo, sabendo usar com grande proveito seus parcos dotes de inteligência, era um homem extremamente prático.
Apesar de sua limitações, tinha um acentuado poder de liderança. Por ser aberto e comunicativo, conseguia fazer amizades sólidas, que muito Ihe valeram na realização de seus numerosos empreendimentos em prol de sua paróquia.
Sua franqueza e o vezo de estar sempre em peditórios, Ihe renderam alguns desafetos e muitas críticas, sintetizadas na alcunha de padre "pidão", que os mal intencionados Ihe assacaram.
Sua pontualidade nos compromissos e no exercício do sagrado ministério, e mais ainda sua piedade na celebração dos atos litúrgicos, fizeram crescer, nos fiéis, a estima pelo seu Vigário. Muitas vezes palmilhou de ponta-a-ponta, com muito heroismo, toda a extensão de sua paróquia vasta quanto uma grande diocese. Não era exigente no trato que Ihe davam em suas excursões ministeriais, que fazia pelas fazendas e povoados, submetendo-se resignada e alegremente a qualquer tipo de transporte (andou muito a cavalo, em viagens longas e penosas). Tinha muita expansividade no trato com os conhecidos, saudando-os ruidosamente e abracando-os cordialmente, em qualquer local em que os encontrasse. A nota que o assinalava, em relação a estima geral que gozava, no ambiente social, era sua dedicação na promoção de tudo o que favorecesse os seus paroquianos, promovendo sua assistência religiosa, educacional e sanitária. Ai estão os monumentos que cantarão as glórias desse padre desgracioso, mas polido, educado e, sobretudo, zeloso e caridoso: conclusão da Matriz de São José, altaneira e soberana, o Colégio São José, o grandioso Hospital São José (em grande parte obra do seu labor).
Esse era Pe. João Avi, de saudosa memória, que por muitos anos sera lembrado pela população, que o teve como vigário (pároco) por quase vinte anos, em duas fases, distintas: a primeira do dia 29 de Janeiro de 1945, como 3° pároco estigmatino, até Janeiro de 1951, e a segunda de 7 de março de 1953 a 8 de fevereiro de 1965, como 6° pároco estigmatino em Ituiutaba, havendo um intervalo, entre as duas gestões de dois anos. Da primeira vez que foi vigário, teve também que ausentar-se por vários meses, devido ao acidente que quase o levou do mundo, no dia 4 de dezembro de 1948, ao cair do andaime da igreja em construção.
Sua chegada em Ituiutaba deu-se a 1° de Janeiro de 1945 e sua despedida definitiva a 8 de fevereiro de 1965, indo morrer em terra estranha, no Canada, na cidade de Timmins, numa residência dos estigmatinos.
Aqui se integrou rapidamente e amou esta terra com acendrado amore devotamente, dando-lhe tudo o que suas jovens energias Ihe permitiam. Na convivência com os confrades, foi sempre visto e admirado como exemplo de disciplina e pontualidade, observante de todos os pormenores da regra da Congregação.
No ministério pastoral, desvelou-se na formação cristã de seus paroquianos, assistindo com regularidade e esmero às agremiações religiosas, Apostolado da Oração, Filhas de Maria, Marianos e, sobretudo, a Ação Católica, que foi, em tempos idos, a força viva da Igreja entre os leigos.
Interessou-se vivamente pela formação e educação dos jovens, desdobrando-se de mil maneiras para conseguir a instalação do Colégio São José, como Ginásio de âmbito federal. É digna de recordação a épica proeza de Pe. João com o seu Colégio, que se iniciou na velha casa Paroquial da esquina da Rua 22 com Avenida 7, em condições muito precárias, num total desconforto, a começar pela luta com a detestável poeira, que tudo infestava; exigüidade de espaço; instalações rudimentares; rudeza dos alunos daquela fase, alunos provenientes das fazendas, com um minimo de conhecimentos e faltos de delicadeza no trato. Acresce que o estabelecimento era também internato e os estudantes desconheciam por completo as noções de disciplina e boas maneiras.
O falar italianado do padre era outro motivo de sofrimento que Ihe punha à prova sua paciência e resignação. E quantas vezes aturou caçoadas dos meninos mais atrevidos que Ihe arremedavam o modo de falar, quando dizia: "nó, nó" ou "nó é assim que se fá", e outras expressões similares, que traíam sua procedência italiana!
Em tudo isso Pe. João manifestou sua têmpera e autodomínio, pois por nenhum instante, desistiu de suas tarefas e nem provou desalento, ante o acúmulo de entraves por ele enfrentados. Por longos sete anos foi lá, no velho Colégio, que Pe. João levou avante uma obra inestimável de promoção da estudantada, guiando com pulso firme, acentuadamente autoritário, a comunidade estudantil, e onde conseguiu desenvolver na população escolar os principios de dignidade, respeito e finura de trato.
Pe. João foi deveras um grande lutador, no bom sentido. As mais variadas iniciativas tradicionais e de sua inventiva, Ihe serviam de meios para levar a termo suas realizações. Nas fazendas onde chegasse, era certeza que sempre havia de "cavar" alguma boa prenda, e era ele que escolhia o bezerro ou marrôa que o fazendeiro havia de doar para as festas de São Sebastião ou Nossa Senhora das Graças.
Com isso deu mão forte aos vicentinos, na construção do monumentai e benemérito Hospital de São José. Zelou com meticulosa responsabilidade o patrimônio da paróquia e da diocese. Numa palavra: sua vida, desde que assumiu a paróquia, foi a vida da mesma paróquia, dotando-a, material e espiritualmente, de tudo que pudesse melhorá-la, em todos os setores. O quanto amava "sua" paróquia de Ituiutaba, provou-o também ao se interessar pelas obras por ele deixadas em andamento, como a construção do hospital, mesmo estando fora, no estrangeiro, enviando valiosas ofertas que garantiram o prosseguimento regular da construção. O pesar de ter que afastar-se desta terra, por ele amada, Ihe abalou o organismo, que em pouco tempo iria baquear numa morte imprevista. Como uma última prova desse seu apego a Ituiutaba, como que pressentindo seu fim próximo, por ocasião do seu último Natal, de 1973, escreveu a todos os seus velhos amigos e colaboradores, que aqui deixara.
Ituiutaba deve muito a esse humilde sacerdote de Cristo e, bem reconhecendo essa divida de gratidão, Ihe consagra a memória, tornando-o Patrono de um estabelecimento de ensino, e dando o seu nome a uma das vias públicas da cidade. Mas o que mais conta, no intimo de cada ituiutabano que ama a história de sua terra, encontrou guarida, um preito de gratidão e sincera admiração."